segunda-feira, 19 de outubro de 2009

                          Turminha Precoce 

Fonte : IstoÉ bebê 



A Organização Mundial de Saúde considera que prematuro é todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação. A cada três milhões de crianças nascidas no Brasil, cerca de 10% chegam antes do tempo. Dos 20 milhões de prematuros que vêm ao mundo anualmente, quase um terço morre antes de completar um ano, e nove em cada dez recém-nascidos com peso inferior a um quilo não sobrevivem até o primeiro mês. “As taxas de sobrevivência dependem principalmente de sua idade gestacional, mas também variam com as condições de atendimento e de infra-estrutura do hospital, como as unidades de terapia intensiva (UTIs) neonatais”, explica Sineida Girão, pediatra neonatologista e médica assistente da Universidade Federal de São Paulo. De acordo com ela, nos Estados Unidos 90% dos bebês acima de 600 gramas sobrevivem. No Brasil, não existem dados, mas, quanto mais precoce for o nascimento, mais complicações e sequelas ele pode ter. Isso porque, garante a médica, aqui o tempo de internação é maior e o bebê é submetido a mais procedimentos invasivos dentro da UTI. Fica, portanto, suscetível a infecções.
Um dos problemas mais frequentes em prematuros é a hemorragia intracraniana. O bebê está sujeito a sangramentos no cérebro porque os vasos sanguíneos da região ainda são frágeis e não têm proteção. “Os casos mais graves estão associados à alta morbidade e a complicações durante a internação, com chances de sequelas neurológicas, como atrasos mentais”, explica Graziela Del Bem, pediatra neonatologista da UTI Neonatal do Hospital São Luiz, em São Paulo. Bebês com menos de um quilo têm mais chances de desenvolver essa complicação.


Uma complicação comum é o funcionamento pulmonar. Em geral, os prematuros nascem com a chamada síndrome do desconforto respiratório, já que a capacidade do alvéolo – responsável pela oxigenação do sangue e eliminação de gás carbônico – não está completa. Uma de suas possíveis sequelas é a asma. Há outro risco: o distúrbio batizado de enterocolite necrosante, caracterizado por vômitos e distensão abdominal. É bastante frequente em prematuros, apesar de afetar também crianças nascidas de nove meses. “Não se sabe ao certo sua origem, mas estudos têm demonstrado que o aleitamento artificial pode ser uma de suas causas”, observa Sineida.





Felizmente, as perspectivas de sobrevivência desses bebês estão melhores. Para isso, o papel da incubadora é fundamental. “Como a pele do recém-nascido é muito fina, ele perde muito calor, o que, no passado, levava frequentemente ao óbito. A incubadora mantém sua temperatura em 36,5 graus”, diz Graziela. Hoje, os especialistas já tomam providências antes de o bebê nascer, quando descobrem que a mãe corre risco de parto prematuro. “O uso do corticóide (antiinflamatório potente) pela gestante acelera a maturidade pulmonar da criança e minimiza o quadro da síndrome do desconforto respiratório, ao mesmo tempo que ajuda na prevenção de hemorragias intracranianas”, afirma Sineida. Além disso, as UTIs neonatais estão equipadas com aparelhos sofisticados de ventilação, que melhoram o funcionamento pulmonar e diminuem o tempo de permanência no alto risco. Ainda para melhorar o trabalho dos pulmões, os médicos contam com um medicamento, o surfactante, que, em geral, é administrado na sala de parto.
Outra evolução é a alimentação do bebê que ainda não pode receber leite materno – para ir ao seio, ele precisa estar com peso de 1.500 gramas e 34 semanas de idade gestacional. A nutrição parenteral (alimentação pela veia) é feita hoje por meio de um cateter que evita furos constantes na criança e, consequentemente, o risco de infecções. “A qualidade dos nutrientes melhorou muito nos últimos anos”, constata Sineida. Com todos esses recursos, mesmo os mais apressadinhos têm boas chances de vida. 






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